Síndrome da pressa é doença do mundo moderno
Competição no trabalho, excesso de tarefas, falta de tempo: há mil razões para correr o dia inteiro. Mas os especialistas alertam: quem não consegue fazer as coisas um pouco mais devagar pode estar sofrendo de uma nova doença do mundo moderno: a síndrome da pressa.
Mesmo após o expediente, o publicitário Cláudio Meira não consegue relaxar. “Sempre estou pensando no trabalho, acabo tendo insônia, não consigo dormir à noite, fico pensando no que fazer no outro dia”, ele conta. A ansiedade acompanha o publicitário até durante as férias. “Me dizem que não vão me ligar, mas eu peço para me ligarem, eu fico preocupado quando não estou no controle das coisas”, diz ele.
Quem está sempre com pressa não pára para pensar se esse é um comportamento normal. Aceita a necessidade de fazer tudo muito rápido como uma exigência do mundo moderno. Mas os psicólogos alertam: esse quadro de ansiedade constante pode se transformar em doença. É a síndrome da pressa.
A especialista Marilda Lipp afirma que 10% da população brasileira é apressada compulsiva. Em algumas atividades profissionais a incidência da síndrome da pressa é ainda maior. Uma pesquisa coordenada por ela em empresas de São Paulo e do Rio de Janeiro constatou que 90% dos executivos sofre do problema. “A pessoa está sempre tensa, porque ela tem muita intensidade mental e física em tudo. Ela está sempre pensando no momento seguinte. Ela não é uma pessoa que curte o momento presente. Ela vive em função do que virá” diz ela.
Alguns sinais ajudam a identificar a síndrome: demonstrar impaciência e pouco interesse pelo que os outros falam, interrompendo sempre a conversa; assumir muitos compromissos ao mesmo tempo; segurar objetos com força excessiva são alguns deles.
Ser um apressado compulsivo aumenta o risco de infarto, úlceras, gastrites e pode prejudicar as relações pessoais. A cabeleireira Juciléia Leonel conta que esqueceu seus amigos, por não ter tempo de ligar e conversar.
Lipp diz que o prioritário é a pessoa entender o que ela precisa fazer rapidamente, e tentar ir mais devagar nas coisas que ela poderia fazer num ritmo um pouco mais lento. Não há remédio para isso. Ela tem que se conscientizar de seus limites e estabelecer prioridades. Na realidade, indo mais devagar, se realiza mais.